Acre realiza 4ª Conferência Estadual LGBTQIA+ com foco em políticas públicas e valorização amazônica
- ConLGBTQIA+
- 30 de mai.
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Atualizado: 2 de jun.

Evento reuniu 95 delegades de todo o estado e propôs diretrizes para os planos nacional, estadual e municipal de promoção dos direitos LGBTQIA+
A inclusão, o respeito e a valorização das pessoas LGBTQIA+ no Acre alcançaram um novo marco histórico com a realização da 4ª Conferência Estadual dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, nos dias 14 e 15 de maio de 2025. O evento, promovido pelo Governo do Estado por meio da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH), em parceria com o Conselho Estadual de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (CECDLGBT), reuniu 95 delegades eleites nas conferências regionais realizadas entre maio e julho de 2024.
As etapas regionais aconteceram nas três principais regiões do estado: Alto Acre (com sede em Brasiléia), Juruá (em Cruzeiro do Sul) e Baixo Acre (em Rio Branco). Essa mobilização garantiu representatividade e escuta territorializada das demandas da população LGBTQIA+.
A conferência teve início com uma cerimônia de abertura no Cine Teatro Recreio, em Rio Branco, marcada por apresentações culturais e pela presença de autoridades, lideranças sociais, especialistas e representantes da sociedade civil. No segundo dia, as atividades ocorreram no Museu dos Povos Acreanos, onde foram debatidas e aprovadas propostas com base nos quatro eixos temáticos da conferência:
Enfrentamento à violência LGBTQIA+
Trabalho digno e geração de renda
Interseccionalidade e internacionalização
Institucionalização da Política Nacional dos Direitos LGBTQIA+
Durante os grupos de trabalho, diversas propostas foram aprovadas, com destaque para as demandas específicas da Região Amazônica, que enfrenta desafios estruturais e logísticos para a implementação das políticas públicas. Também foram levantadas questões relativas à realidade de municípios de fronteira, com reflexões estratégicas oriundas da conferência regional realizada em Brasiléia, na divisa com a Bolívia.
Outro ponto central das discussões foi a necessidade da criação de fundos públicos — nacional, estadual e municipal — para garantir o financiamento das políticas LGBTQIA+, respeitando as especificidades regionais.
A Conferência Estadual LGBTQIA+ no Acre assume um papel crucial na promoção e garantia dos direitos dessa comunidade no estado, sobretudo num contexto municipal de nenhum avanço no tema. Funcionou como um espaço vital para o diálogo entre a sociedade civil organizada, ativistas, poder público e especialistas, permitindo a discussão aprofundada dos desafios enfrentados, a troca de experiências e, fundamentalmente, a construção e o fortalecimento de políticas públicas específicas.
Para o procurador da República, Lucas Costa Almeida Dias, a conferência representa um marco significativo: “Este é um momento importante, pois permite que a sociedade civil participe das deliberações e influencie as decisões políticas e públicas do país. O Ministério Público Federal reconhece o esforço que demandou tempo e exigiu participação popular. Este é um marco importante no avanço dos direitos LGBTQIA+ e um passo significativo para a sociedade civil.”
Para Daniel Lopes, vice-presidente do Conselho Estadual LGBTQIA+, a realização da conferência simboliza a retomada de uma luta coletiva. “A Conferência Estadual LGBTQIA+ é um marco na nossa trajetória, em que a sociedade civil foi protagonista. Reunimos vozes de todo o estado para construir diretrizes reais e necessárias.”
A diretora de Direitos Humanos da SEASDH, Joelma Pontes, reforçou o papel da conferência como um espaço de resistência e articulação: “Mais que um evento, este é um marco de força e coragem. Nossa comunidade precisa ser vista, ter seus direitos garantidos e oportunidades de empregabilidade”.
A presidente do Conselho Estadual LGBTQIA+, Nilcéia Santos, destacou a importância da construção coletiva. “Hoje temos a oportunidade de levar nossas propostas ao Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) e transformar reivindicações em políticas públicas.”
A conferência também recebeu a Secretária Nacional dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+, Symmy Larrat e contou com a participação ativa de lideranças locais como Germano Marino, chefe da Divisão de Promoção dos Direitos das Pessoas LGBTI+, e Antonella Albuquerque, presidente da Associação de Travestis e Transexuais do Acre (Attrac), que celebrou a mobilização: “Não vamos deixar que o preconceito e o conservadorismo nos calem. Somos resistência e seremos sempre resistência”.
Ao final, foram eleitos pessoas delegadas para representar o Acre na etapa nacional da conferência. Além dos eleitos nas regionais, também participarão delegades natos — membros do CECDLGBT. A etapa nacional será o momento de consolidar essas propostas no plano político mais amplo, reafirmando o compromisso com os direitos da população LGBTQIA+ em todo o país.



